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Colisão Do Destino

Atualizado: 5 de jun. de 2024

Sinopse: Leitura fácil e intuitiva, surpreendente, impactante e emocionante. Sob a balança do destino não decepciona. Uma história linda e com uma trama muito bem elaborada. Ainda tem o pano de fundo que lembra a antiga Grã-Bretanha com suas vilas, estalagens e beberrões em tabernas que amamos.


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Capa Ebook - Colisão Do Destino

COMO TUDO ACONTECEU 

Arthur Conan Doyle

(1859 – 1930)

 

“Daquela noite, consigo recordar-me de algumas coisas muito claramente, ao passo que outras são como sonhos vagos e interrompidos. É isto o que torna tão difícil para mim contar uma história coesa. Já não faço a mínima ideia do motivo que me levou a Londres, de onde regressei muito tarde. Aquela noite se confunde com tantas outras em que lá estive. Mas, a partir do instante em que desci na pequena estação ferroviária rural, tudo me fica extraordinariamente claro. Consigo reviver tudo novamente, em cada um dos seus instantes.

 

Recordo-me perfeitamente de ter percorrido a plataforma, olhando para o relógio iluminado da estação, que marcava onze e meia. Recordo-me, igualmente, de ter perguntado a mim mesmo se chegaria em casa antes da meia-noite. Lembro-me, então, do grande automóvel, com seus faróis ofuscantes, esperando por mim lá fora. Era o meu novo Robur, de 30 cavalos de força, que me fora entregue naquele mesmo dia. Recordo-me ainda de ter perguntado a Perkins, meu motorista, como o meu novo carro estava se saindo, e de tê-lo ouvido dizer que ele era uma máquina excelente.

 

— Verei por mim mesmo — disse, subindo para o assento do motorista.

 

— O câmbio é diferente —disse-me ele. —Talvez, senhor, seja melhor que eu dirija...

 

— Não — respondi. — Eu gostaria de experimentar.

 

Então começamos um percurso de cinco milhas à minha casa.

 

O meu antigo automóvel tinha a alavanca de marchas, como era o usual, encaixada na barra de direção. No novo, a alavanca deslocava-se em gradis para atingir as marchas mais altas. Não foi difícil aprender lidar com ela, e logo eu acreditei que dominara a novidade. Era uma temeridade, sem dúvida, tentar habituar-me a um novo sistema de câmbio em plena escuridão noturna, mas muitas vezes fazemos loucuras sem que tenhamos de pagar o justo preço por elas. Tudo corria muito bem até chegarmos a piores encostas da Inglaterra, com uma milha e meia de comprimento, declives e três curvas bastante acentuadas ao longo do percurso. Os portões de meu estacionamento ficam bem no sopé da encosta, voltados à estrada principal para Londres.

 

Estávamos justamente chegando ao cume da encosta, onde a subida era mais íngreme, quando os problemas começaram. Eu seguia a toda velocidade e quis descer em fuga livre, mas a embreagem não respondeu e eu tive de retornar à terceira marcha. Naquele momento, o carro voava. Tentei acionar os dois freios, mas ambos falharam sequencialmente. Eu não fiquei apreensivo quando senti a resposta inútil dos pedais de freio. Mas quando puxei o freio de mão com toda força, e a alavanca ascendeu ao máximo sem qualquer resultado, suei frio. Naquele momento, ganhávamos um declive. Os faróis iluminavam perfeitamente. Consegui vencer sem dificuldades a primeira curva. Na segunda, por um triz, evitei uma vala. Depois desta curva, abria-se uma reta de uma milha até a última delas. Ultrapassada a derradeira, chegaríamos à entrada do estacionamento. Se conseguisse alcançá-la, tudo sairia bem, porque o aclive entre o portão e a minha casa certamente faria o automóvel parar por si mesmo.

 

Perkins comportou-se magnificamente bem e eu gostaria que este detalhe fosse conhecido. Ele se mantinha impassível, malgrado alerta. Eu havia pensado de início em invadir a ribanceira, mas ele percebeu a minha intenção.

 

— Eu não faria isto, senhor — disse ele. — A esta velocidade, vamos capotar.

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