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Buquê de Flores

Atualizado: 5 de jun. de 2024

Sinopse: Lucy é a orgulhosa proprietária de uma floricultura encantadora, distinguindo-se por um hábito singular. Sua mente criativa tece constantemente conjecturas sobre os benefícios nas quais as flores de sua loja serão gentilmente apresentadas. Com uma intuição notável, suas reflexões se revelam precisas na maioria das vezes.

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Em uma  bucólica  rua sem saída transformada em um calçadão cercada por várias lojas dos mais derivados artigos, desde alimentares a roupas e eletrônicos, Lucy aventurou-se  investindo suas economias em uma floricultura.


Era um sonho antigo, sempre foi apaixonada por flores e naquele canto da cidade ficou perfeito, essa rua fica localizada numa das travessas de uma avenida movimentada, onde as pessoas andavam sempre agitadas, numa frenética correria para atender à todas as exigências de suas vidas cotidianas.

 

E em meio a tantos esbarrões, carros e ônibus com seus tradicionais acionamentos de freios estridentes acompanhados de um bater de portas após a liberação das mesma, esse calçadão oferecia um oásis àqueles que tinham o privilégio de adentrar pelo seu calçamento todo revestido por pequenas pedras cuidadosamente colocadas em tons que iam do branco ao cinza chumbo, criando para os olhos que a apreciavam um lindo mosaico, que empregava ao local um charme irresistível, ao centro haviam bancos de madeira envernizados em tons de caramelo, entre eles vasos com mini coqueiros naturais aos quais os comerciantes vaziam a delicadeza de cuidar mantendo-os sempre viçosos e que graciosamente delimitavam o espaço de cada loja.

 

As que ofereciam alimentos, como cafés e alguns bistrôs, dispunham de mesinhas com guarda-sol ricamente ilustrados com os logos de seus restaurantes.

 

A floricultura de Lucy estava localizada entre esses restaurantes. Que ficou perfeito, ela oferecia arranjos gratuitos para eles e assim colocava sua propaganda para os frequentadores dos restaurantes. Esses pequenos arranjos ficavam dentro de vasinhos de vidro onde ela colocava fotos de suas criações e a indicação que estava bem ao lado o que acabava gerando algumas vendas. Sempre havia alguém precisando de um presente de última hora.

 

Sua loja tem apenas alguns meses e ainda está longe de recuperar todo o valor investido então procura sempre fazer promoções para atrair mais clientes e nesse mês em que as vendas são mais baixas criou uma estratégia com o slogan “Decore sua casa ou ambiente de trabalho com flores produzidas no campo, elas são cultivadas no sítio da minha família com muito carinho e cuidado”.

 

E essa não é somente uma estratégia, mas uma verdade, seu avô que administra o sítio da família desde a sua fundação, um  declarado apaixonado por flores  que  intuitivamente costuma fazer combinações nada convencionais entre as sementes criando novas espécies , algumas não saem exatamente como o esperado, em compensação as que atendem à expectativa resultam em uma combinação de cores e aromas diferenciados  que tem agradado os clientes exigentes da região  ajudando assim a manter as contas em dia.

 

Pensar no avô a faz voltar no tempo e lembrar de um hábito que tinha quando ainda era apenas uma garotinha, o de imaginar o destino das flores que as pessoas buscavam no sítio da família, que além das criações do avô também cultivavam flores das mais variadas espécies. E em sua imaginação fértil via suas viagens até a casa de alguém, conseguia até visualizar como seriam dispostas no vaso e onde seriam colocadas, em algumas vezes imaginava uma mesa, que podia ser de jantar ou mesmo no centro da sala de visitas, em outras no parapeito de uma janela, dessas que abrem em folhas mais comuns em antigas construções.

 

O soar da sineta de entrada a traz de volta, mais um cliente, e sua imaginação já aciona  seu hábito que é muito forte, basta ver alguém que considere um possível comprador para já ir deduzindo para que ocasião será sua compra. Pode ser um presente, um pedido de desculpas, um convite ou mesmo uma despedida. A pessoa que oferta um buquê ou um arranjo quer ele impacte a pessoa que  o receberá.

 

Por esse motivo, sempre pergunta qual a intenção daquele presente para passar em tons e aromas exatamente a mensagem que o comprador quer transmitir. Os que menos gosta de fazer são os de desculpas, não trazem felicidade, esses, somente tem o papel de pagar suas contas.

 

A pessoa que atravessa a entrada é um senhor que deve ter por volta de setenta anos. Lucy começa a imaginar o que o trouxe até aqui e qual seria sua motivação para presentear com flores. Seria amor, desculpas ou saudades? Já se coloca a pensar enquanto o homem caminha pelas várias flores espalhadas pela loja, não admira nenhuma delas, ela deduz ser ele daqueles que sabem o que querem, esse tipo de pessoa não perde tempo escolhendo querem agradar em cheio e sabe exatamente o que a pessoa que será presentada aprecia.

 

 

 

S.r.  Otacílio

 

 

Ele segue até o  balcão e já vai perguntando se tem petúnias, apesar de achar o pedido um tanto peculiar Lucy confirma que sim.


Ele a orienta que quer que elas sejam colocas em um vaso de cimento, que deve ser pintado de branco. Ela vai anotando todas as informações, devem ser roxas e brancas.

 

— Para que ocasião seriam assim coloco cores que combinem .

 

— Não se preocupe com isso. – Diz o s.r. já tirando o lenço do bolso e secando os olhos.

 

— Me fale sobre quem vai receber esse vaso tão lindo.

 

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